segunda-feira, 24 de agosto de 2009

TEMA 7


[...]a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante. As preocupações mais intensas e obstinadas que assombram esse tipo de vida são os temores de ser pego tirando uma soneca, não conseguir acompanhar a rapidez dos eventos, ficar para trás, deixar passar as datas de vencimento, ficar sobrecarregado de bens agora indesejáveis, perder o momento que pede mudança e mudar de rumo antes de tomar um caminho sem volta. A vida líquida é uma sucessão de reinícios, e precisamente por isso é que os finais rápidos e indolores, sem os quais reiniciar seria inimaginável, tendem a ser os momentos mais desafiadores e as dores de cabeça mais inquietantes. Entre as artes da vida líquido-moderna e as habilidades necessárias para praticá-las, livrar-se das coisas tem prioridade sobre adquiri-las. Como diz o cartunista Andy Riley, do Observer, o que aborrece é “ler artigos sobre as maravilhas de se largar tudo, em busca de melhor qualidade de vida, quando ainda nem se alcançou o tudo”. É preciso acelerar, alcançar, caso se deseje provar das delícias do “largar”. Preparar o local para o "largar” confere significado ao “alcançar”, que se torna seu principal propósito. É pelo alívio trazido por um “largar” suave e indolor que se julga, em última instância, a qualidade do “alcançar”[...]
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Terrorismo, crime organizado, desemprego e solidão são fenômenos típicos de uma era na qual a exclusão e a desintegração da solidariedade expõem o homem aos seus temores mais graves. A insegurança é a marca fundamental dos tempos líquidos–modernos. Para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman as cidades são hoje verdadeiros campos de batalha, onde poderes globais se chocam com identidades locais, abandonadas pela desintegração da solidariedade social. O produto desse encontro não poderia ser outro senão a violência e a insegurança generalizadas. No seu estudo o sociólogo afirma que a passagem da fase “sólida” da modernidade para a “líquida”, ou seja, para uma condição em que as organizações sociais (estruturas que limitam as escolhas individuais, instituições que asseguram a repetição de rotinas, padrões de comportamento aceitável) não poderia mais manter sua forma por muito tempo, pois se decompõem e se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las e, uma vez organizadas, para que se estabeleçam. O segundo ponto observado por Bauman está na separação e divórcio entre o poder e a política. Grande parte do poder de agir efetivamente, agora se afasta na direção de um espaço global politicamente descontrolado, enquanto a política (a capacidade de decidir a direção e o objetivo de uma ação) é incapaz de operar efetivamente na dimensão planetária, já que permanece local. Assim, a ausência de controle político transforma os poderes recém-emancipados numa fonte de profunda e incontrolável incerteza, enquanto a falta de poder torna as instituições políticas existentes cada vez menos relevantes para os problemas existenciais dos cidadãos dos Estados-nações e, por essa razão, atraem cada vez menos a atenção destes. O resultado disso é que os órgãos do Estado abandonam, transferem ou terceirizam um volume crescente de funções que desempenhavam anteriormente.[...]
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A partir dos textos e de tua vivência de mundo, escreve uma redação dissertativa, entre 15 e 30 linhas, sobre o seguinte tema:
  • EM MEIO À VIOLÊNCIA E À INCERTEZA DOS TEMPOS LÍQUIDOS, COMO A SOCIEDADE PODE RETOMAR A SEGURANÇA PERDIDA EM BUSCA DE MELHOR QUALIDADE DE VIDA?

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